Esse artigo contém argumentos contra a ideia de que as outras ovelhas participam do novo pacto devendo tomar dos emblemas da Ceia do Senhor.
ÍNDICE
– Resumo
– Fundamentos da argumentação das Testemunhas de Jeová
– Resumo das argumentações antagonistas
– Panorama da Santa Ceia e os pactos bíblicos
– O Novo Pacto e os Ungidos
– Beneficiários não participantes de pactos nas Escrituras Sagradas
-Prosélitos (estrangeiros)
– Sobre os estrangeiros que se ‘apegam ao Pacto’
– Sobre a refeição pascoal e a Ceia do Senhor
– Sobre a relação entre o Pacto Abraâmico, o Pacto da Lei e o Novo Pacto
– Os emblemas da Santa Ceia e o Novo Pacto
– Paulo, ao explicar o novo pacto, faz nenhuma menção a um número pequeno de pessoas?
– O Novo Pacto contrastado com o pacto anterior
– Sobre o propósito dos pactos
– O Novo Pacto e J. F. Rutherford
– A profecia de Jeremias e Ezequiel – “Israel e Judá”
– Sobre quem compõe o “Israel de Deus”
– Implicações de se inferir que o Israel de Deus sempre se refere a grande multidão e os selados
– Sobre a preposição “ek” no livro de Apocalipse
– Sobre o Ezequiel 37 e o “pacto de paz”
-BÔNUS: Sobre o Ezequiel 37 e o “pacto de paz”
– O que eu direi a Jesus caso eu tenha seguido um sectário ao invés de seguir a Bíblia e as orientações da Fraternidade?
– CONCLUSÃO
Resumo
Na década de 1930 um esclarecimento de crença emocionante aconteceu na organização das Testemunhas de Jeová, a saber, que a Grande Multidão é formada por um grupo de cristãos fiéis que tem a esperança de viver para sempre na Terra.
Esse ensino impactou o modo como comemoramos a Santa Ceia.
Em 1952, A Sentinela (em inglês), na página 63, publicou um esclarecimento a respeito da distinção entre a esperança terrestre e a esperança celestial e então os verdadeiros cristãos, com base na interpretação de MUITAS passagens bíblicas, concluíram que os emblemas da Santa Ceia só correspondem aos ungidos, sendo seus benefícios estendidos as outras ovelhas também.
Neste artigo, argumento que simplesmente tudo isso possui sólida base bíblica.
Argumento que o novo pacto possui relação EXCLUSIVA com a vida celestial, isto é, com os 144.000. A Torre de Vigia, possui entendimento irretocável sobre “novo pacto” e “o pacto para um reino”.
Esses dois posicionamentos coadunam com TODA a Bíblia. Jesus é o mediador do novo pacto para os 144000 e as outras ovelhas se beneficiam desse pacto.
Fundamentos da argumentação das Testemunhas de Jeová
A posição oficial das Testemunhas de Jeová no assunto da Santa Ceia e dos Pactos em geral é sólida, firme e harmoniosamente bíblica.
- Fundamento 1
Participantes dos emblemas são os membros do Novo Pacto.
Lucas 22:20
Mateus 26:28, 29
- Fundamento 2
Membros do Novo Pacto são os participantes da chamada celestial.
Hebreus 9:15
Mateus 26:28, 29
- Harmonização com Jeremias 31:31-33 e TODO o contexto bíblico.
- Poucos usados para abençoar muitos. (Gênesis 22:18)
- Jesus afirmou que o Novo Pacto teria muitos beneficiários – termo bíblico apropriado. (Mateus 26:28)
- Paralelo com o Pacto da Lei. Prosélitos e eunucos eram beneficiários – apegavam-se ao pacto sem dele participar efetivamente – Isaías 56.
Resumo das argumentações antagonistas
Toda a erudição dos que tentam inferir que o entendimento escravístico sobre a Santa Ceia está errado se resume nesses dois silogismos:
- O livro de Jeremias 31:31-34 anuncia o Novo Pacto em substituição do Pacto da Lei;
- O Novo Pacto foi realizado com a “casa de Israel e com a casa de Judá”;
- Os termos “Israel e Judá” se referem as outras ovelhas e aos ungidos;
Logo, todos os cristãos são partes do Novo Pacto e devem tomar dos emblemas da Santa Ceia.
- O Novo Pacto promove uma relação especial com Jeová e perdão de pecados;
- Só está sob o Novo Pacto aquele que participa efetivamente da Santa Ceia, isto é, comendo do pão e do vinho;
- Somente os ungidos participam efetivamente da Santa Ceia, tomando dos seus emblemas;
Logo, só os ungidos se beneficiam do pacto. Se as outras ovelhas não participam do novo pacto, não colhem seus benefícios.
Que lástima! No primeiro silogismo vemos um flagrante erro ao se argumentar que SEMPRE os termos “Israel e Judá” se referem a inteira humanidade obediente. Faremos uma análise pormenorizada sobre isso adiante.
No segundo silogismo os antagonistas da verdade se esquecem que o contexto bíblico liga o Novo Pacto exclusivamente aos ungidos que receberão a herança celestial e desconsideram que, nos Pactos registrados nas escrituras, mesmo povos que não estavam ligados diretamente ao pacto poderiam desfrutar de suas bençãos.
Exponho essas argumentações antagônicas no início desse artigo para evidenciar suas crassas falhas à medida que elucidamos o tema.
Panorama da Santa Ceia e os Pactos bíblicos
Se tratando do tema da Santa Ceia, não há como não falar sobre os pactos realizados entre Deus e a Humanidade e entre Jesus e os ungidos. Ao se deparar com o termo “ungido”, leia-se “todo aquele que recebe a chamada celestial e reinará sobre a terra com Cristo no céu”. (Apocalipse 5:9, 10)
Na esteira dos pactos bíblicos, vemos:
- Pacto da Lei;
- O Novo Pacto;
- O Pacto para um Reino.
O Pacto da Lei foi o pacto realizado entre Jeová e a nação de Israel, sendo Moisés o mediador desse pacto. (Êxodo 24:3-8).
O Novo Pacto tem como partes Jeová e Israel, substituiu o Pacto da Lei quando foi anunciado pelo profeta Jeremias (Jeremias 31:31-34) e entrou em pleno vigor com a morte de Jesus em 33 d.C. sendo Jesus o mediador desse pacto. (Hebreus 9:15)
O Pacto para um Reino foi um pacto entre Jesus e os ungidos realizado na noite da Santa Ceia. (Lucas 22:28-30)
A Santa Ceia é a ocasião em que os cristãos celebram a morte de Jesus e assim o fazem do modo como Jesus instituiu, com os símbolos estabelecidos, a saber, o pão representando a carne sem pecado de Jesus e o vinho, representando o sangue do pacto, derramado em benefício de muitos.
Esses relatos da Santa Ceia se encontram nos Evangelhos sinóticos (Mateus 26:26-29, Marcos 14:22-25 e Lucas 22:14-20) e na primeira carta de Paulo aos Coríntios 11:23-26, sendo sua rigorosa observância fundamental para todos os que se dizem cristãos.
Examinemos o relato bíblico da ceia inaugural. O texto de Lucas 22:14-30 fornece informações bem completas. Elas podem ser divididas assim:
∙ Versículos 14 a 18: Jesus celebra a Páscoa com seus apóstolos;
∙ Versículos 19 e 20: Jesus institui o Novo Pacto;
(Lucas 22:20) Do mesmo modo também o copo, depois de terem [tomado] a refeição noturna, dizendo: “Este copo significa o novo pacto em virtude do meu sangue, que há de ser derramado em vosso benefício.”
∙ Versículos 21 a 27: Os apóstolos discutem e Jesus os repreende;
∙ Versículos 28 a 30: Jesus faz com eles o “pacto para um reino”.
(Lucas 22:28-30) “No entanto, vós sois os que ficastes comigo nas minhas provações; e eu faço convosco um pacto, assim como meu Pai fez comigo um pacto, para um reino, 30 a fim de que comais e bebais à minha mesa, no meu reino, e vos senteis em tronos para julgar as doze tribos de Israel.”
Quem são as partes envolvidas no Novo Pacto? Jeová e os ungidos. Jesus é o mediador.
Quem são as partes envolvidas no Pacto para um Reino? Jesus e os ungidos.
NOVO PACTO | PACTO PARA UM REINO |
JEOVÁ E OS UNGIDOS (Jesus é o mediador desse pacto – Hebreus 8:6; 9:15) | JESUS E OS UNGIDOS |
A seguinte frase é fundamental e vai calcar nossa análise a partir de agora:
Os participantes dos emblemas são membros do Novo Pacto e os membros do Novo Pacto são participantes da chamada celestial.
Vamos provar sua veracidade.
O Novo Pacto e os Ungidos
O objetivo do Novo Pacto é claramente explicado no livro de Hebreus 9:15.
(Hebreus 9:15) “De modo que é por isso que ele é mediador dum novo pacto, a fim de que, por ter havido uma morte para o [seu] livramento, por meio de resgate, das transgressões sob o pacto anterior, os chamados recebessem a promessa da herança eterna”.
Note que o Novo Pacto é feito para o grupo dos CHAMADOS.
Quem eram os “chamados” que Paulo identifica como objeto do “novo pacto”?
Na carta aos Hebreus, sempre que Paulo usa o verbo “chamar” (G2564 καλέω kaleo) em relação aos cristãos, ele o usa exclusiva e especificamente para os irmãos ungidos de Cristo. Vejamos as ocorrências em Hebreus:
Hebreus 2:11 – Jesus chama alguns de seus “irmãos”;
Hebreus 3:1 – Participantes da chamada celestial;
Hebreus 5:4 – Jesus chamado para ser Sumo Sacerdote (por extensão, o mesmo raciocínio vale para os demais sacerdotes);
Hebreus 9:15 – ‘Chamados para a herança eterna’;
Hebreus 11:18 – Ungidos chamados de “descendência de Abraão”.
Portanto, há diversas passagens bíblicas que relaciona o Novo Pacto apenas com a esperança celestial e excluindo a esperança terrestre.
A real disputa nesse tema não é “me mostre um texto excluindo os de esperança terrestre do novo pacto, mas “me mostre um versículo neotestamentário aplicando o Novo Pacto aos de esperança terrestre”. Não existe!
Contextualmente afirmarmos que, em Hebreus 9:15, Paulo identifica os ungidos como objeto do “novo pacto”, isto é, aqueles chamados irmãos de Cristos (2:11), chamados para a vida celestial (3:1), chamados sacerdotes espirituais (5:4), chamados de descendência de Abraão (11:18).
Cada um desses quatro chamamentos cristãos exclui as outras ovelhas do novo pacto, mas outros textos mostram que o grupo com esperança terrestre também se beneficia do pacto, como a comparação com outros textos evidenciará a seguir.
(Hebreus 9:15) “De modo que é por isso que ele é mediador dum novo pacto, a fim de que, (…) os chamados recebessem a promessa da herança eterna”. | |||
Hebreus 2:11 – Jesus chama alguns de seus “irmãos“; | Os que possuem esperança terrestre também serão libertados da escravidão e chamados “filhos de Deus“. (Rom 8:16, 17, 19, 21) | ||
Hebreus 3:1 – participantes da chamada celestial; | Haverá os habitantes da “futura terra habitada“. (Hebreus 2:5) | ||
Hebreus 5:4 – Jesus chamado para ser Sumo Sacerdote (por extensão, o mesmo raciocínio vale para os demais sacerdotes); | Haverá aqueles em prol dos quais eles exercerão essa função. (Apocalipse 5:10) | ||
Hebreus 11:18 – ungidos chamados de “descendência de Abraão“. | Haverá as nações que serão abençoadas por meio dela. (Gênesis. 22:18; Gál 3:8, 9) |
Incluir as “outras ovelhas” no novo pacto no fim da linha implica em renegar as duas esperanças.
A ideia de que há beneficiários não participantes de um determinado pacto se baseia na seguinte ideia apresentada.
Beneficiários não-participantes de pactos nas Escrituras Sagradas
Estrangeiros (prosélitos)
O Pacto da Lei foi feito exclusivamente com o Israel natural:
(Êxodo 19:5, 6) “Agora, se obedecerem fielmente à minha voz e guardarem o meu pacto, certamente se tornarão minha propriedade especial dentre todos os povos, pois a terra inteira pertence a mim. Vocês se tornarão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.’ Essas são as palavras que você deve dizer aos israelitas”.
O pacto da Lei não foi feito com estrangeiros chamados de prosélitos, mas eles eram beneficiários.
(Êxodo 12:49) “A mesma lei será aplicada tanto ao israelita como ao estrangeiro que mora entre vocês.”
O termo “beneficiário” tem base bíblica em Mateus 26:28 e Marcos 14:24, onde lemos que ‘o sangue do pacto’ foi derramado em benefício de muitos (TNM), a favor de muitos (ARA, LTT), por muitos (TB, BJ), e se encaixa perfeitamente com a ideia de que os estrangeiros que se uniam a Israel desfrutavam dos benefícios mesmo sem terem participado efetivamente do pacto.
Convém notar que participantes e beneficiários não constituem uma dicotomia. Todo participante é beneficiário, mas nem todo beneficiário é participante.
Assim, cabe nos perguntar: Existe algum grupo que, mesmo não sendo parte do pacto, pode se favorecer dos seus benefícios? Sim, existe.
Veremos agora outro exemplo nesse sentido.
Sobre os estrangeiros que se ‘apegam ao Pacto’
(Isaías 56:3, 4) “E não diga o estrangeiro que se juntou a Jeová: ‘Sem dúvida, Jeová me separará de seu povo.’ Nem diga o eunuco: ‘Eis que sou uma árvore seca.’” Pois assim disse Jeová aos eunucos que guardam os meus sábados e que escolheram aquilo de que me agradei, e que se agarram ao meu pacto”.
Note o seguinte: esse texto fala de estrangeiros eunucos. Eunucos literais não podiam jamais entrar na congregação de Israel, nem sequer como prosélitos.
(Deuteronômio 23:1) “Nenhum homem castrado, cujos testículos foram esmagados, ou que teve o órgão masculino decepado pode entrar na congregação de Jeová.”
Logo, evidentemente nenhum eunuco poderia ser participante daquele pacto, como uma de suas partes ou ser um de seus membros, mas poderiam se “apegar ao pacto”, obedecendo às mesmas leis daqueles sob o pacto (no contexto, o sábado).
Evidentemente, “apegar-se ao pacto” não pode significar participar desse pacto.
O paralelo com o Novo Pacto é manifesto.
Note que no texto, Jeová se dirige aos estrangeiros eunucos que “se apegam ao pacto”. Ele não prometeu que eles – no futuro – se apegariam ao pacto. Ele descreveu uma realidade daquela época: pessoas impossibilitadas de participar do pacto, mas que se apegavam a ele, quer dizer, viviam como se fizessem parte daquele pacto.
O caso é: se não fosse uma profecia, o texto seria apenas uma mensagem de consolo àqueles excluídos. Mas, sendo uma profecia, ela pinta um quadro profético. No seu cumprimento, deve haver pessoas em situação similar àqueles estrangeiros eunucos.
Em resumo: Isaías 56:6 – homens castrados eram terminantemente excluídos do povo de Israel (Deut. 23:1). Jeová poderia ter mencionado apenas estrangeiros nessa profecia. Mas é maravilhoso que ele tenha mencionado especificamente eunucos para não deixar dúvidas de que ele está falando de pessoas que se apegam ao Pacto sem dele participar (a palavra hebraica para “agarrar” em Zacarias 8:23 é a mesma para “apegar” em Isaías 56:6, 7). Não se trata apenas de antítipos – que poderiam ser algo incerto (curiosamente base dos argumentos antagonistas) – mas profecias que precisam se cumprir. Veja comentários bíblicos sobre isso na nota no pé da página. (*1)
As Bençãos do Novo Pacto para os Israelitas | As Bençãos do Novo Pacto para os estrangeiros que aderem a Lei |
(Jeremias 31:33) “Vou pôr a minha lei no seu íntimo e a escreverei no seu coração.” | Os estrangeiros/prosélitos e eunucos poderiam ter a lei de Deus no coração. |
(Jeremias 31:33) “E vou tornar-me seu Deus e eles mesmos se tornarão meu povo.” | Os estrangeiros/prosélitos e eunucos poderiam ter Jeová como seu Deus e ser parte do povo. |
(Jeremias 31:34) “todos eles me conhecerão, desde o menor deles até o maior deles.” | Os estrangeiros/prosélitos e eunucos poderiam conhecer Jeová, TODOS eles. |
(Jeremias 31:34) “Porque perdoarei seu erro e não me lembrarei mais do seu pecado.” | Os estrangeiros/prosélitos e eunucos poderiam ter seus pecados perdoados. |
Assim, cabe frisar novamente: Existe algum grupo que, mesmo não sendo parte do pacto, pode se favorecer dos seus benefícios? Sim, existe!
Sobre a refeição pascoal e a Ceia do Senhor
É importante fazer uma ressalva aqui. Os estrangeiros poderiam ser beneficiados pelo pacto caso aderissem à Lei de Jeová estabelecidos no pacto da Lei, mas nem de longe isso significa que eles seriam pactuados com Jeová.
Você não vai encontrar nenhum texto mostrando que Jeová era pactuado com os estrangeiros.
Jeová não fez um pacto com os estrangeiros; Jeová fez o pacto com os israelitas. (Êxodo 19:6) Isso é um fato!
Você tem o direito de discordar do que você quiser, mas você não tem o direito de discordar dos fatos.
Por sua vez, os estrangeiros tinham que obedecer a Lei, o que englobava uma série de regras, uma delas era participar da refeição pascoal que, cabe frisar, não era o símbolo do pacto da Lei, era somente uma das festividades prescritas na Lei, como a Festividade dos Pães não Fermentados (Êx 12:19), a Festividade das Semanas (De 16:10, 11), a Festividade das Barracas (De 16:13, 14), entre outras exigências.
A Páscoa era para comemorar a libertação dos israelitas do cativeiro no Egito, não para simbolizar o pacto da Lei.
Portanto, comer a refeição pascoal não fazia os estrangeiros serem pactuados com Jeová; Jeová não fez o pacto da Lei com os estrangeiros, mas permitiu que eles pudessem ser beneficiados. O símbolo do pacto da Lei foi o sangue do pacto aspergido nos israelitas (Êx 24:6-8; He 9:17-20), assim como o símbolo do Novo pacto é o sangue do pacto concedido ao “Israel de Deus”. (Mat. 26:27; Gál 6:16).
Portanto, qualquer sectário que tente relacionar a refeição pascoal com a Ceia do Senhor está incorrendo em um crasso erro exegético.
Sobre a relação entre o Pacto Abraâmico, o Pacto da Lei e o Novo Pacto
O Pacto da Lei e o Novo Pacto são ramos que nascem do tronco do Pacto Abraâmico. É muito interessante notar a relação entre eles.
O pacto da Lei foi feito com o Descendente Literal de Abraão – por isso estrangeiros (prosélitos) não eram pactuados, mas podiam se beneficiar.
Quais benefícios?
- Ter a Jeová por Deus;
- Fazer parte do seu povo;
- Seguir sua Lei;
- Ter o perdão propiciado pelos sacrifícios mosaicos.
Curiosamente os mesmos benefícios do Novo Pacto registrado em Jeremias 31:31-34. Por isso, qualquer dicotomia inferindo que, ou se está no pacto ou não se usufrui benção alguma, é totalmente míope (para ser eufêmico).
Eles poderiam usufruir todos esses benefícios SEM serem partes do pacto, porque não eram parte do Descendente Literal de Abraão.
O Novo Pacto é paralelo: apenas os que fazem parte do Descendente Espiritual de Abraão (Gálatas 3:29; Romanos 16:20) são pactuados, mas outros – estrangeiros/prosélitos espirituais – são beneficiados.
Podemos enfatizar esse fato com a seguinte reflexão: Existe algum grupo que, mesmo não sendo parte do pacto, pode se favorecer dos seus benefícios? Como vimos nesse terceiro e último exemplo, sim existe!
Os emblemas da Santa Ceia e o Novo Pacto
1. “O sangue do pacto”.
Jesus referiu-se ao vinho da Celebração como “sangue do pacto” – Mateus 26:28.
Essa expressão é rara na Bíblia. Nas Escrituras Gregas, além da declaração de Jesus na Ceia do Senhor, apenas Paulo a usa, e apenas na carta aos Hebreus. Seus dois usos em Hebreus têm contextos bem interessantes, com referência específica aos ungidos:
- Hebreus 9:20, contexto imediato de Hebreus 9:15.
- Hebreus 10:29. No contexto imediato, faz-se referência ao Novo Pacto (v. 16) e consta a seguinte observação:
(Hebreus 10:19, 20) “Portanto, irmãos, visto que temos denodo para com o caminho de entrada no lugar santo, pelo sangue de Jesus, que ele inaugurou para nós como caminho novo e vivente através da cortina, isto é, sua carne”.
Temos, portanto, que o único outro uso da expressão “sangue do pacto” alude direta e especificamente ao seu papel de abrir caminho para a vida celestial. (Curiosamente, menciona-se, junto ao sangue, a “carne” de Jesus. Seria uma referência ao significado do pão?)
2. A observação de Jesus ao passar o vinho.
Logo ao passar o vinho da Celebração, Jesus fez uma observação muito significativa, registrada por três evangelistas:
(Mateus 26:29) “Eu de modo algum beberei novamente deste produto da videira até aquele dia em que beberei vinho novo com vocês, no Reino do meu Pai”.
Assim, o próprio Jesus associou os emblemas da Ceia à vida celestial, isto é, àqueles que estariam junto com ele no Reino.
Esse fato é muito significativo: o mesmo cálice de vinho que Jesus disse representar o Novo Pacto (Lucas 22:20) e conter o simbólico “sangue do Pacto” (Mateus 26:28) é também associado à alegria do reencontro celestial entre Jesus e seus seguidores ungidos.
O ponto é: enquanto passava o vinho da Ceia, Jesus fez um comentário associando aquele vinho à esperança celestial.
Que o comentário de Jesus era específico sobre o vinho usado na Ceia – e não genérico, sobre qualquer vinho – vê-se no fato de que, poucas horas depois, ele aceitou beber vinho: João 19:29, 30 (vinagre = vinho acre). O comentário de Jesus restringia-se, portanto, ao contexto na instituição do Novo Pacto.
Obs: ao contrário de Mateus e Marcos, Lucas registra o comentário de Jesus durante a Páscoa. É possível que Lucas o tenha registrado fora de ordem cronológica (como faz com a saída de Judas). Mas o mais provável é que Jesus tenha repetido a ideia durante aquela noite. Note que, em Lucas, a frase refere-se apenas ao próprio Jesus, sem referência a seus apóstolos. Mas em Mateus, a frase inclui “beberei com vocês”, tendo sido proferida, portanto, na Ceia, após a saída de Judas.
Também é interessante que ele mencione aqui o “Reino do Pai”, pois mais adiante, ao instituir o “pacto do Reino”, ele diz “meu Reino”. Das palavras de Jesus, podemos concluir que o Novo Pacto diz respeito ao “Reino do Pai”, isto é, à autorização do Pai para cristãos participarem desse reino. Já o Pacto do Reino diz respeito ao reino de Jesus, isto é, à autorização de Jesus para que outros reinassem ao seu lado.
NOVO PACTO | “Reino do meu Pai” (Mateus 26:29) | Autorização do Pai para cristãos participarem desse reino |
PACTO PARA UM REINO | “Meu Reino” (Lucas 22:30) | Consentimento de Jesus para que outros reinassem ao seu lado. |
Assim, o ‘sangue do pacto’ como emblema da Santa Ceita está diretamente relacionado para àqueles com esperança celestial
Paulo, ao explicar o novo pacto, faz nenhuma menção a um número pequeno de pessoas?
Na carta aos Romanos, no contexto que trata do Israel espiritual (capítulos 9-11) traz uma referência ao Novo Pacto:
(Romanos 11:25-27) “…parte de Israel ficou insensível até que entrasse o pleno número de pessoas das nações, e dessa maneira todo o Israel será salvo. Assim como está escrito: “O libertador sairá de Sião e afastará de Jacó as práticas ímpias. E este é o pacto que farei com eles quando eu tirar os seus pecados.”
Nas referências cruzadas da TNM 2015 e Rib8, o pacto mencionado aqui é o de Isaías 59:21 que por sua vez nos leva a Jeremias 31:33 que também é referenciado.
Portanto, a Bíblia associa o Novo Pacto a um número específico de pessoas, número este que pode ser completado.
O novo pacto contrastado com o pacto anterior
Assim como o “novo pacto”, o anterior teve um mediador – Moisés- (Gálatas 3:19; Hebreus 8:6), e foi validado com sangue (Êxodo 24:8; Lucas 22:20).
(Deuteronômio 5:1-3) “Então Moisés convocou todo o Israel e lhes disse: ‘Ouça, ó Israel, os decretos e as decisões judiciais que hoje lhes falo. Vocês devem aprendê-los e obedecê-los cuidadosamente. Jeová, nosso Deus, fez um pacto conosco em Horebe. Não foi com os nossos antepassados que Jeová fez esse pacto, mas conosco, todos os que hoje estamos aqui vivos.’”
O pacto estava sendo celebrado entre Deus e todos os israelitas que eram participantes do pacto. E como bem frisado aqui, haveria pessoas que, mesmo não sendo parte do Pacto, poderiam usufruir dos seus benefícios.
(Êxodo 19:5, 6.) “Agora, se obedecerem fielmente à minha voz e guardarem o meu pacto, certamente se tornarão minha propriedade especial dentre todos os povos, pois a terra inteira pertence a mim. Vocês se tornarão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.’ Essas são as palavras que você deve dizer aos israelitas.”
Comentando sobre isso, vejamos o que é dito em A Sentinela de 1º de fevereiro de 1989, página 13:
Ao fazer o pacto temporário, Deus também mencionou o seguinte objetivo emocionante: “Se obedecerdes estritamente à minha voz e deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha propriedade especial. . . E vós mesmos vos tornareis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” (Êxodo 19:5, 6) Que perspectiva! Uma nação de reis-sacerdotes. Mas, como seria isso possível? Como a Lei mais tarde especificou, a tribo governante (Judá) e a tribo sacerdotal (Levi) receberam responsabilidades diferentes. (Gênesis 49:10; Êxodo 28:43; Números 3:5-13) Nenhum homem poderia ser tanto governante civil como sacerdote. Ainda assim, as palavras de Deus em Êxodo 19:5, 6 forneciam motivo para se crer que de alguma maneira não revelada, os que estavam no pacto da Lei teriam a oportunidade de prover os membros de “um reino de sacerdotes e uma nação santa”.
A revista condiciona o ‘fornecimento desse pleno número do reino de sacerdotes’ (os 144.000) com a ‘aceitação do Messias quando este chegou’. “
É normal e comum na Bíblia referir-se a membros atuais de um grupo quais representantes dos membros futuros daquele mesmo grupo.
(Deuteronômio 28:68) “E Jeová certamente o levará de volta ao Egito de navio, pelo caminho a respeito do qual eu lhe disse: ‘Você nunca mais o verá’; e lá vocês terão de se vender aos seus inimigos como escravos e escravas, mas não haverá quem os compre.”
(Deuteronômio 18:15) “Jeová, seu Deus, fará surgir para você, dentre os seus irmãos, um profeta semelhante a mim; vocês devem escutá-lo.”
(1 Tes. 4:15:18) “Nós, os vivos, que sobrevivermos até a presença do Senhor, de modo algum precederemos os que adormeceram na morte; […] Depois nós, os vivos, que sobrevivermos, seremos arrebatados junto com eles em nuvens para encontrar o Senhor no ar; e assim estaremos sempre com o Senhor.”
De fato, Israel supriria os membros do “Reino de Sacerdotes” (12000 de cada tribo literal). Mas note que Êxodo 19:6 não menciona apenas o “Reino de Sacerdotes”, mas: “Vocês se tornarão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.”
O “Reino de Sacerdotes” constituir-se-ia de representantes da nação, mas a “nação santa” seria a nação inteira, todos os participantes do Antigo Pacto.
Pedro explica o cumprimento dessa expressão sob o Novo Pacto.
(1 Pedro 2:9) “Vocês são “raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo para propriedade especial.”
“Vocês” quem? O “sacerdócio santo” (2:5), os destinatários da carta, renascidos com herança celestial (1:3, 4), ou seja, os ungidos.
Pois bem, duas observações: Se Pedro citasse apenas o “Sacerdócio Real” como se cumprindo nos ungidos, creio seria sustentável o entendimento “sacerdócio real” como sendo os ungidos e “nação santa” como sendo todos os cristãos.
Mas Pedro aplica ambos os termos (“sacerdócio real” e “nação santa”) apenas aos ungidos que possuem a função sacerdotal. (Apocalipse 5:10)
Em resumo, a “nação santa”, todos sob o Antigo Pacto, tem seu cumprimento nos ungidos.
Observação importante: O Novo Pacto não foi contingencial. Em qualquer hipótese, mesmo que Israel fosse fiel, Jeová faria o Novo Pacto.
Note o seguinte trecho da brochura “Haverá Algum dia um Mundo sem Guerra”:
“A prometida recompensa pela fidelidade — servirem qual reino de sacerdotes — revela que o pacto da Lei não era um fim em si mesmo, antes, era um passo de transição para a habilitação dum sacerdócio que contribuiria para outras nações passarem a conhecer o verdadeiro Deus. Desde o início, o propósito de
Deus era que toda a humanidade, e não apenas indivíduos duma única nação, abençoasse a si mesma. — Gênesis 22:18.
“Em Deuteronômio, capítulo 18, versículo 15, Moisés disse à nação de Israel: “O SENHOR, vosso Deus, suscitará para vós um profeta dentre vosso próprio povo, semelhante a mim; a ele vós ouvireis.” No mesmo capítulo, versículos 18 e 19, Jeová falou a Moisés, aquele a quem Ele designara mediador entre ele mesmo e Seu povo, dizendo: “Suscitarei um profeta para eles dentre seu próprio povo, semelhante a ti mesmo: porei Minhas palavras em sua boca e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar; e se alguém deixar de acatar as palavras que ele falar em Meu nome, eu mesmo o chamarei para prestar contas.” Como se deve entender essa profecia?
“Moisés foi um grande líder; foi legislador, profeta, realizador de milagres, instrutor e juiz. Foi também mediador, o único profeta que mediara um pacto entre Deus e o homem (neste caso, a nação de Israel). Um profeta verdadeiramente semelhante a ele teria de fazer algo similar. Significa isso que Deus intencionava que o pacto da Lei fosse suplantado por outro pacto? Sim, significa. Por meio do profeta Jeremias, Deus declarou claramente sua intenção de celebrar um novo pacto. Um novo pacto exigiria um novo mediador. Apenas alguém semelhante a Moisés poderia preencher os requisitos para tal incumbência. Se examinarmos o que o novo pacto abrange, poderemos entender melhor o papel do mediador.”
Assim, entendemos que Deuteronômio 18:15 já era uma referência ao papel do Messias como Mediador do Novo Pacto. E, portanto, Jeová já deu o pacto da Lei intencionando que ele fosse um dia substituído pelo Novo Pacto.
Sobre o propósito dos pactos
A diferença entre esses dois pactos são seus participantes, já sabemos disso.
NOVO PACTO | PACTO PARA UM REINO | |
JEOVÁ E OS UNGIDOS (Jesus é o mediador desse pacto – Hebreus 8:6; 9:15) | JESUS E OS UNGIDOS |
O que por vezes pode ser despercebido é a lógica dos pactos bíblicos. Por que Jeová faz pactos? O que direi doravante é o entendimento escravístico, no qual calcam-se demais doutrinas.
Jeová faz pactos para oficializar novidades no desenvolvimento de seu propósito progressivo.
Isto é de SUMA IMPORTÂNCIA.
Se o Novo Pacto não tiver relação com os ungidos serem reis e sacerdotes, ficamos sem um pacto deles com Jeová para oficializar essa IMENSA novidade no propósito divino. O pacto para um Reino não supre essa carência porque Jeová não é uma de suas partes, senão Jesus e os ungidos.
Considere o seguinte: um pacto é um contrato. Se Jeová achou necessário “assinar um contrato” com seu Filho Unigênito para que esse fosse Rei e Sacerdote (Salmo 110:4 e Lucas 22:29b), seria coerente que ele dispensasse esse contrato com meros seres humanos imperfeitos? Ora, se o Novo Pacto não visa oficializar o reinado e sacerdócio dos ungidos, então eles não têm um contrato assinado com Jeová.
Já o Pacto do Reino tem por objetivo amarrar duas pontas até então soltas: as partes primária e secundária do Descendente (Jesus e os ungidos). Nada havia, até então, que oficialmente ligasse essas partes. Jesus não oficializara sua aceitação de outros reinarem com ele.
Pense nisso: “Os pactos bíblicos sempre têm a ver com aspectos novos do propósito divino. Jeová não faz um pacto formal com as outras ovelhas porque humanos viverem para sempre na Terra não é um aspecto novo do propósito divino, mas sim o Seu propósito original. Se existe um aspecto do propósito de Jeová que dispensa um pacto é justamente o ser humano viver para sempre na Terra. Esse é basicamente o único aspecto que não é novidade.
O Novo Pacto e J.F. Rutherford
Em 1935 ocorreu um congresso especial em Washington, DC, nos Estados Unidos. J. F. Rutherford fez um discurso onde ele identificou as “outras ovelhas” de João 10:16 com “a grande multidão” de Apocalipse 7; e em conexão com isso, a revista A Sentinela de 1º de abril de 1989, p. 29, relata a experiência de um irmão da grande multidão que tomava dos emblemas:
Quando fui batizado, em 1930, pouco se entendia a respeito dos que teriam vida eterna na terra. Assim, tanto eu como John tomávamos dos emblemas na Comemoração, como faziam todos, na época. Mesmo em 1935, quando a “grande multidão” de Revelação (Apocalipse), capítulo 7, foi identificada como classe terrestre de “ovelhas”, o nosso modo de pensar não mudou. (Revelação 7:9; João 10:16) Daí, em 1952, A Sentinela (em inglês), na página 63, publicou um esclarecimento a respeito da distinção entre a esperança terrestre e a esperança celestial. Viemos a entender que não tínhamos a esperança de vida celestial, mas que a nossa esperança era de viver num paraíso terrestre. (Isa. 11:6-9; Mat. 5:5)
Fica claro com base nesta experiência que os irmãos receberam bem entendimento gradual da organização. Confesso que até nós aqui da página O Publicador do Reino, após fazer esse estudo profundo sobre a Santa Ceia, aumentamos ainda mais nossa fé nessa organização. Que harmonia e que coesão de ensinamentos. Toda a glória para Jeová!
Não raro, alguns apóstatas citam a mudança de entendimento da fraternidade quanto a quem representariam as autoridades superiores de Romanos capítulo 13 ocorrida ano de 1929, ensino este que foi atualizado no ano de 1962. O esclarecimento sobre quem seria a Grande Multidão deu-se no ano de 1935.
E você, caro leitor, deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o tema da Santa Ceia. Pois é, não tem nada a ver.
Isso é somente uma estratégia falaciosa de apóstatas. Eles, não raro, quando tentam mostrar que o Escravo Fiel e Prudente está errado em algo, sempre citam Charles Taze Russell, Rutherford, até a esposa de Russell eles andam citando. Lamentável!
O fato é: a organização tem um índice chamado “Esclarecimento de Crenças” no site jw.org. Mudanças anteriores não significam necessariamente que o tema em questão será mudado.
A profecia de Jeremias e Ezequiel – “Israel e Judá”
A expressão “novo pacto” está relacionada com a substituição do “antigo pacto”, isto é, o pacto da Lei. Podemos ler sobre esse pacto na profecia de Jeremias:
(Jeremias 31:31-34) “Eis que vêm dias”, é a pronunciação de Jeová, “e eu vou concluir um novo pacto com a casa de Israel e com a casa de Judá; não um igual ao pacto que concluí com os seus antepassados no dia em que os tomei pela mão para os tirar da terra do Egito, ‘pacto meu que eles próprios violaram, embora eu mesmo tivesse a posse marital deles’, é a pronunciação de Jeová”. “Pois este é o pacto que concluirei com a casa de Israel depois daqueles dias”, é a pronunciação de Jeová. “Vou pôr a minha lei no seu íntimo e a escreverei no seu coração. E vou tornar-me seu Deus e eles mesmos se tornarão meu povo.” “E não mais ensinarão, cada um ao seu companheiro e cada um ao seu irmão, dizendo: ‘Conhecei a Jeová!’ porque todos eles me conhecerão, desde o menor deles até o maior deles”, é a pronunciação de Jeová. “Porque perdoarei seu erro e não me lembrarei mais do seu pecado.”
Quanto a Jeremias 31:31, percebemos que a expressão “casa de Israel e casa de Judá” é característica da profecia de Jeremias. Se entendermos que representam as duas classes de cristãos (sendo as 12 tribos todos os servos de Jeová), então todos os cristãos estariam no novo pacto. Mas disso surge alguns problemas:
- Isso conflitaria com o fato de o novo pacto estar relacionado com a vida celestial. (Hebreus 9:15)
- Lucas 22:20, 29, 30 nos ensina que aqueles no pacto para um reino “julgarão as 12 tribos de Israel”. Ora, as 12 tribos são membros do novo pacto, ou serão julgadas por eles? Conclusão: inevitavelmente teremos de atribuir significados diferentes às 12 tribos nos dois contextos.
- Outra sutil indicação de que a expressão “casa de Israel” e “casa de Judá” em Jeremias 31:31 não representariam duas classes, mas que serviriam apenas de ênfase, é que no versículo 33 o profeta menciona apenas a “casa de Israel”.
Atribuir uma interpretação subjetiva aplicando essa passagem de Jeremias 31:31-34 a todos os cristãos (duas esperanças) é conflitar com toda a harmonia bíblica.
Falando sobre Ezequiel 37, o fato de Israel poder representar os ungidos e outras ovelhas nesse contexto, não significa que isso se dê em todos os casos, como veremos detalhadamente a seguir.
Sobre quem compõe o “Israel de Deus”
A ideia de aplicar o “Israel espiritual” a todos os cristãos, poderia ser biblicamente sustentável, desde que feitas algumas ressalvas contextuais. Poder-se-ia entender o “Israel espiritual” como sinônimo de “congregação” – termo que na Bíblia se aplica ‘primariamente ao grupo de ungidos’ (w07 15/4 21), mas que também pode se aplicar à ‘congregação internacional composta de ungidos e outras ovelhas’ (w10 15/9 21) Agora, quanto a incluir as outras ovelhas no novo pacto, e consequentemente, participantes dos emblemas, se torna muito conflitante e incoerente.
Como admitimos, há textos bíblicos em que “Israel” se aplica às outras ovelhas (Mateus 19:28; Lucas 22:30; Ezequiel 47:13, 21, Levítico 16:15). Observe-se que em Lucas 22:30 é no contexto do Dia da Expiação, as 12 tribos não se referem a todo o povo de Deus – mas excluem os ungidos.
Pois bem, sabemos que cada referência bíblica deve ser analisada em seu contexto, e que, ainda que certa expressão possa ter aplicação similar em contextos diferentes, nem sempre é idêntica – podendo ser mais ou menos abrangente.
Por exemplo, vejamos a comparação entre Lucas 22:30 e Tiago 1:1.
Nesses textos as “12 tribos” não podem ter o mesmo significado em ambos, pois no primeiro excluem logicamente os apóstolos (que são o próprio alicerce da Nova Jerusalém, a noiva de Cristo), além de fazer referência a um tempo futuro (em Mat. 19:28, “sentarão”, “julgarão”). Em harmonia com isso, a revista A Sentinela de 1º de novembro de 1964, página 670 disse:
“Assim, é razoável concluir-se que as “doze tribos de Israel”, mencionadas em Lucas 22:30, se refiram ao mundo da humanidade que será julgado por Jesus Cristo e pelos membros de seu corpo congregacional, os quais servirão como reis e sacerdotes e juízes, junto com êle. . . as doze tribos não-levíticas de Israel, no dia anual de expiação, tipificavam todos os obedientes da humanidade, que ganharão a vida eterna na terra. No dia de expiação, eram oferecidos dois sacrifícios, um a favor de Aarão e de sua tribo, representando o Israel espiritual, e o outro a favor das doze tribos não-levíticas de Israel, que representam tôda a humanidade que se beneficia do sacrifício resgatador de Jesus Cristo, com a vida interminável na terra.”
Enquanto na segunda proposta (Tiago 1:1), Tiago escreve às 12 tribos que “estão espalhadas”, no presente, e sabemos que naquele tempo todos os cristãos tinham esperança celestial. Se quisermos que os dois textos tenham aplicação idêntica, teremos que concluir que Tiago excluiu os apóstolos dos destinatários de sua carta. Entretanto, o contexto de Tiago 1 nos indica os ungidos como destinatários: em Tg 1:12 é-lhes prometido a “coroa da vida”, expressão que apenas aparece aqui em Apo. 2:10, em cujo contexto (Apo. 2, 3) refere-se exclusivamente aos ungidos, como notamos em Apo. 2:26, 3:7, 21. (Obs.: é verdade que o escravo entende que a “coroa da vida” em Tg 1:12 é mais abrangente que em Apo. 2:10 (w79 1/7 30) ainda assim, o fato de o único outro uso da expressão na Bíblia ser exclusiva aos ungidos é um tanto esclarecedor); também em Tg 1:18 o escritor se dirige àqueles que são “primícias”, o que nos remete a Romanos 8:16, 17, 23 e a Apocalipse 14:4, que, por sua vez, remete a Apocalipse 5:9, 10.
Portanto, nem sempre o termo “12 tribos” ou as alusões a “Israel” são aplicadas a inteira fraternidade de cristão composta dos de esperança terrestre e celestial.
Implicações de se inferir que o “Israel de Deus” sempre se refere a grande multidão e os selados
Se declararmos categoricamente que os israelitas espirituais são sempre TODOS os cristãos, isso levaria a um efeito dominó sobre muitos ensinos bíblicos, por exemplo:
- Romanos 9:6 menciona o “Israel” espiritual; e o versículo seguinte mostra que tais são o descendente de Abraão, e os “filhos de Deus”. Ora, se todos os cristãos são o descendente de Abraão, então quem serão as “nações” e “famílias da terra” que ‘obterão uma bênção por meio do descendente’? (Gênesis 12:3; 22:18).
- Ora, se todos os cristãos são os “filhos de Deus”, quem é a criação que espera a revelação de tais e que também será libertada da decadência? (Rom. 8:19, 21).
- Se todos os cristãos são israelitas, ou judeus espirituais, então quem são os profetizados “estrangeiros”, ou prosélitos, no seu cumprimento espiritual? (veja Isaías 14:1; 56:5; 60:10; 61:5; Zacarias 8:23; Ezequiel 47:21-23 – note-se neste último texto que o loteamento da terra em 12 tribos inclui os ” estrangeiros ” que “moravam com’ as 12 tribos).
- Também Gálatas 6:16 paraleliza o “Israel de Deus” com a “nova criação”, expressão também usada por Paulo em 2 Coríntios 5:17, num contexto em que o apóstolo se dirigia àqueles que receberam o “espírito como garantia do que virá”, isto é, “uma casa eterna nos céus” (2 Coríntios 5:1, 5). Disso conclui-se que, nesse contexto, os israelitas espirituais, a nova criação, são os que têm esperança celestial.
Assim, qualquer falsa dicotomia tentando reinterpretar Jeremias 31:31-34 como se aplicando a todos os cristãos, conflitaria com toda a sólida interpretação que as Testemunhas de Jeová bem possuem das Escrituras como um todo.
Sobre a preposição “ek” no livro de Apocalipse
Alguns usam Apocalipse 7:4 para dizer que as tribos ali representam toda a humanidade e os ungidos provém dentre esse grupo. Eles usam o significado da preposição ‘ek’ em grego para afirmar que o significado ali é “a partir de toda” ou “que vem de toda”.
Aqui encontramos a falácia da etimologia e vamos explicar.
Uma falácia etimológica consiste em imaginar que um dos significados fornecidos pela etimologia coincida necessariamente com o sentido da palavra que a pessoa deseja empregar.
Pois bem, sabemos que as preposições possuem ampla gama de significados. Por exemplo, em português, uma das maiores sutilezas sintáticas é a distinção entre o adjunto adnominal e o complemento nominal, por usarem a mesma preposição “de” (para ilustrar: “justiça de Deus” X “adoração de Deus”). Fenômeno similar acontece com a preposição “ek”, nem sempre significa “dentre”.
Em Apo. 18:20 é traduzida “contra”; em Apo. 16:10 é traduzida “de” no sentido de “[por causa] de”. Na maioria das vezes traduz-se simplesmente “de”.
Que tal preposição nem sempre significa ‘parte do todo’ notamos em Apo. 7:17 – que diz que “Deus enxugará toda lágrima dos [grego: ek] olhos deles [isto é, dos membros da grande multidão]” – será que Jeová escolherá alguns “dentre” a Grande Multidão para enxugar-lhes as lágrimas?
Também em Apo. 17:6, – que fala da prostituta embriagada “com [grego: ek] o sangue dos santos”. Estaria ela embriagada com uma parte ‘dentre’ o sangue dos santos? Não, pois Apo. 18:24 afirma que nela se achou o sangue de “TODOS os que foram mortos na terra”.
Convém notar ainda que o livro de Apocalipse, por sua natureza ímpar nas Escrituras Gregas, faz uso um tanto ‘peculiar’ das preposições (ex: epi em 5:10; enopion em 7:15; ana mesos em 7:17 [no meio do trono?!]).
Caso se tente usar Apocalipse 14:4 (“dentre a humanidade”) com Apocalipse 7:4 a comparação não fica perfeita, pois este usa outra preposição, a saber, “apo” e não “ek”.
Portanto a preposição ‘ek’ nem sempre significa ‘parte do todo’ e o seu uso tentando argumentar que o Israel de Deus representa TODOS OS CRISTÃOS não se sustenta e não pode ser conclusivo.
Além disso, se as 12 tribos em Apocalipse 7 são todos os cristãos, perde-se totalmente o contraste com a grande multidão, no mesmo capítulo; e perde-se o contraste entre o número definido e indefinido.
Mas, ainda que entendamos o “ek” em Apocalipse 7 como “dentre”, isso não necessariamente significaria que as 12 tribos são todos os cristãos. Note-se que o assunto ali não é a “unção” de certas pessoas, mas sim a sua “selagem” – isto é, a selagem final e definitiva pré-Grande Tribulação (Apocalipse 7:3).
Assim podemos entender que as 12 tribos de Apo 7:4 são todos os que recebem a “unção” e que, “dentre” eles, são selados os que permanecem fiéis até a morte, ou até a Grande Tribulação.
BÔNUS
Sobre o Ezequiel 37 e o “pacto de paz”
Suscito doravante duas somente possibilidades de entendimento desse “pacto” com o objetivo de preservar o “arcabouço teórico pactual escravístico”.
Primeira:
O Escravo fala de seis pactos principais, diretamente ligados a desdobramentos da promessa edênica, a saber:
ABRAÂMICO
LEI
DAVÍDICO
MELQUISEDEQUE
NOVO
REINO
Claro que a Bíblia menciona outros “pactos”, às vezes até em sentido figurado. A obra Estudo Perspicaz comenta – e gosto de citar esse trecho – que, em sentido genérico:
“Efetivamente, qualquer promessa feita por Jeová é um pacto; com certeza será levada a cabo; pode-se contar confiantemente com o seu cumprimento. (He 6:18)”.
É possível que o termo “pacto de paz” constitua um uso de “pacto” nesse sentido genérico do termo? Talvez.
Segunda:
Antes da mudança de entendimento, o Escravo aplicava o “pacto de paz” apenas aos ungidos (vide w91 1/3 18, 19). Isso porque os dois bastões eram entendidos como referência aos ungidos.
O entendimento mudou, mas um detalhe não mudou: a data do cumprimento moderno da profecia: 1919.
Veja que, Ezequiel 37 dos v.21 a 25, Jeová vinha falando sobre “Davi ser Rei” (1914) e sobre trazer de volta os israelitas espalhados para sua terra. Isso se cumpre nos ungidos, pois o cativeiro espiritual começou no século II exclusivamente com ungidos. Apenas ungidos foram ao cativeiro, apenas ungidos poderiam voltar (do contrário, seria a “volta dos que não foram”).
Isso foi em 1919. Apenas depois, em especial a partir dos anos 30, juntam-se a eles as outras ovelhas.
Nesse ponto de vista cronológico, o “pacto de paz” pode ter sido feito apenas com ungidos, em 1919, e as outras ovelhas entram depois apenas como beneficiários dele.
Parece haver um indício disso, uma vez que, após citar o “pacto de paz”, o Escravo cita Isaías 56 – talvez o texto profético mais inequívoco sobre beneficiários não-participantes do pacto:
“Jeová torna tudo isso possível por meio do novo pacto. Milhões de estrangeiros em sentido espiritual têm se tornado parte da nação favorecida de Jeová. (Miq. 4:1-5) Estão decididos a continuar agarrados’ a esse pacto aceitando suas provisões e cumprindo seus requisitos. (Isa. 56:6, 7) Ao fazerem isso, junto com o Israel de Deus, usufruem das ricas bênçãos da paz sem fim. Seja essa sua abençoada recompensa — agora e para sempre!” “Ao fazerem isso, usufruem da paz ” – isso” o quê? “Agarrarem-se” ao pacto sem dele participar tais quais os eunucos em Isaías 56:6, 7.
Essa observação visa preservar o entendimento geral sobre pactos que me parece tão harmonioso e lógico. Mostrando assim, que a teologia das Testemunhas de Jeová quanto aos pactos se coaduna, diferentemente das interpretações da cristandade em geral e dos sectários que promovem falsas dicotomias que não se sustentam ao mínimo escrutínio bíblico.
O que eu direi a Jesus caso eu tenha seguido um sectário ao invés de seguir a Bíblia e as orientações da Fraternidade?
A organização das Testemunhas de Jeová leva centenas de anos estudando a Bíblia com sinceridade e forte desejo de refinar seus ensinamentos sempre que se depara com qualquer incongruência. Podemos dizer que essa é a marca registrada da fraternidade: enquanto as igrejas da cristandade vão morrer em sua própria ignorância e inflexibilidade em assumir erros e mudar, as Testemunhas de Jeová estão sempre avançando para o que é o mais próximo do entendimento bíblico completo e harmonioso.
O tema dos Pactos é objeto de estudo da Escola de Treinamento Ministerial (atual escola de Evangelizadores) e da Escola de Gileade que são escolas de alta erudição de nossa fraternidade, onde pessoas espirituais e com o coração repleto de sinceridade se debruçam nesse tema. E você acha que um opositor ou um sectário vai te trazer algo que te levará a uma exegese mais apurada de um entendimento bíblico?
O que os opositores e sectários podem oferecer a ti quanto a erudição bíblica? O coração desses seres está repleto de ódio.
Nós do Grupo O Publicador do Reino, quanto mais estudamos, mais passamos a confiar na organização de Jeová e na guia do Espírito Santo. Nós diremos a Jesus, na sua volta, que seguimos as Escrituras e que estivemos plenamente de acordo com a Organização nesse ensino singelo da Santa Ceia.
CONCLUSÃO
As Testemunhas de Jeová estão corretíssimas na interpretação que possuem sobre os ungidos, as outras ovelhas e a forma como celebram a Ceia do Senhor, entendendo corretamente que somente os ungidos devem tomar dos emblemas, pois eles possuem esperança celestial. As outras ovelhas celebram a ocasião alegremente e desfrutam de todos os benefícios que esse pacto proporciona.
Resumo Final
Os participantes dos emblemas são membros do Novo Pacto e os membros do Novo Pacto são participantes da chamada celestial.
Há diversas passagens bíblicas que relaciona o Novo Pacto apenas com a esperança celestial e excluindo a esperança terrestre.
A real disputa nesse tema não é “me mostre um texto excluindo os de esperança terrestre do novo pacto, mas “me mostre um versículo neotestamentário aplicando o Novo Pacto aos de esperança terrestre”. Não existe!
Incluir as “outras ovelhas” no novo pacto no fim da linha implica em renegar as duas esperanças.
Existem diversos exemplos de grupos que, mesmo não sendo parte do pacto, podem ser beneficiários de suas bençãos assim como no NOVO PACTO, onde os ungidos são partes envolvidas e os das outras ovelhas são beneficiários.
A Páscoa era para comemorar a libertação dos israelitas do cativeiro no Egito, não para simbolizar o pacto da Lei. Qualquer sectário que tente relacionar a refeição pascoal com os emblemas da Ceia do Senhor está incorrendo em um crasso erro exegético.
O ‘sangue do pacto’ como emblema da Santa Ceita está diretamente relacionado para àqueles com esperança celestial. (Mateus 26:29; Hebreus 10:19, 20)
A Bíblia associa o Novo Pacto a um número específico de pessoas, número este que pode ser completado. (Rom 11:25-72)
A “nação santa”, todos sob o Antigo Pacto, tem seu cumprimento nos ungidos. (1 Pedro 2:9)
Jeová faz pactos para oficializar novidades no desenvolvimento de seu propósito progressivo.
A organização tem um índice chamado “Esclarecimento de Crenças” no site jw.org. Mudanças anteriores não significam necessariamente que o tema em questão será mudado.
Atribuir uma interpretação subjetiva aplicando essa passagem de Jeremias 31:31-34 a todos os cristãos (duas esperanças) é conflitar com toda a harmonia bíblica.
Qualquer falsa dicotomia tentando reinterpretar Jeremias 31:31-34 como se aplicando a todos os cristãos, conflitaria com toda a sólida interpretação que as Testemunhas de Jeová bem possuem das Escrituras como um todo.
A preposição ‘ek’ nem sempre significa ‘parte do todo’ e o seu uso tentando argumentar que o Israel de Deus representa TODOS OS CRISTÃOS não se sustenta e não pode ser conclusivo.
Podemos entender que as 12 tribos de Apo 7:4 são todos os que recebem a “unção” e que, “dentre” eles, são selados os que permanecem fiéis até a morte, ou até a Grande Tribulação.
O “pacto de paz” pode ter sido feito apenas com ungidos, em 1919, e as outras ovelhas entram depois apenas como beneficiários dele.
Notas:
(*1) Comentários sobre Isaías 56.
- Que dizer dos que viverão na Terra sob o governo do Reino de Cristo? Esses são beneficiários do novo pacto. (Gál. 3:8, 9) Embora não sejam participantes, eles ‘se agarram’ a esse pacto submetendo-se aos seus requisitos, como predito pelo profeta Isaías: “Os estrangeiros que se juntaram a Jeová para ministrar-lhe e para amar o nome de Jeová, a fim de se tornarem servos seus, todos os que guardam o sábado para não o profanarem e que se agarram ao meu pacto, eu também vou trazer ao meu santo monte e fazê-los alegrar-se dentro da minha casa de oração.” Em seguida, Jeová diz: “Pois a minha própria casa será chamada mesmo de casa de oração para todos os povos.” — Isa. 56:6, 7. (A Sentinela 15 Mar 2010)
- O Aspecto Inclusivo da Salvação Recebe os de Fora (56:3-8) Isaías está consciente de que a nova aliança da graça incluirá tanto o estrangeiro como o eunuco. O antigo Israel tinha sido uma nação e igreja exclusiva, mas agora a porta está escancarada para todo aquele que deseja se unir às fileiras dos fiéis. (Beacon – Comentários de Isaías Capítulo 56)
- Os versículos 3-8 atestam que na comunidade de Israel surgiram dúvidas sobre quem poderia pertencer ao povo de Deus. O profeta responde que também podem ser membros desse povo o estrangeiro e o eunuco (conforme verso 3), desde que se convertam ao verdadeiro Deus e cumpram os seus mandamentos. (Champlin – Comentários de Isaías Capítulo 56)
- minha casa de oração. Estar ali significa ter sido incluído na aliança e desfrutar da vida de comunhão com Deus (2.2-4; Sl15:1; conforme 1Rs 8:41-43; Mc 11:17) (Genebra – Comentários de Isaías Capítulo 56)
- 56:3 Isaías proclamou com claridade a mensagem radical das bênçãos de Deus para todas as pessoas, inclusive para estrangeiros e eunucos, quem frequentemente se excluía da adoração e nem sequer os consideravam cidadãos no Israel. Qualquer que seja sua raça, posição social, trabalho ou situação financeira, as bençãos de Deus são iguais tanto para você como para qualquer outra pessoa. Nenhum pode excluir de nenhuma forma aos que Deus decidiu incluir. (Matthew Henry – Comentários de Isaías Capítulo 56)
- No entanto, se muitos judeus estavam falhando nos dois aspectos, um bom número de estrangeiros, especialmente alguns eunucos (v. 3) que eram oficiais e administradores persas em Judá, foram atraídos para a fé do povo de Israel. A antiga lei de Dt 23:1-5 tinha barrado essas pessoas do santuário a fim de proteger a sua pureza ritual; agora chegou o tempo de colocar a ênfase na prontidão espiritual para a adoração. Estrangeiros que demonstraram sinceridade (v. 4) e que se “uniram” com ao Senhor (v. 6 — provavelmente a circuncisão esteja implícita) são convidados pelo próprio Deus ao seu templo, quando estiver reconstruído (515 a.C.). O profeta não somente autoriza essa mudança de regra, mas também espera ansiosamente por um povo de Deus muito maior para adorá-lo (v. 8). Jesus, ao citar o v. 7, deu uma ordem semelhante de que nenhum empecilho deveria obstruir os gentios devotos de adorarem no templo (Mc 11:15-41). Observe que o privilégio da adoração no templo mais do que compensa os problemas humanos naturais e psicológicos sentidos pelos eunucos (v. 5). (NVI F. F. Bruce – Comentários de Isaías Capítulo 56)
- j) Os propósitos de Jeová (Is 56:1-23). Segue-se uma denúncia devastadora dos vigias que não cumprem a sua função e se entregam aos prazeres da bebida forte (Is 56:9-23). O profeta pronuncia aqui algumas palavras de ânimo aos que correm perigo de serem excluídos dos benefícios da casa de Israel. A Minha salvação está prestes a vir (1), versículo este que obviamente relaciona esta profecia, de uma maneira íntima, com o capítulo anterior. O filho do estrangeiro… o eunuco (3). Estes homens estavam excluídos da congregação de Israel pela Lei (ver Dt 23:1). Agora, tudo isto irá ser abolido e todas as barreiras removidas. A obra do Servo teve como resultado o aniquilar de todos os fatores de divisão, estando agora aberto o caminho para o favor da misericórdia divina. A casa de Deus será “para todos os povos” (7). Um nome eterno (5); lembremo-nos do eunuco etíope, que passou a ocupar um lugar imorredouro na 1greja de Cristo, um lugar muito maior do que aquele que lhe competiria de qualquer outra forma. Ver At 8:26 e seguintes.
De seus amigos e irmãos…
O Publicador do Reino