Alguns críticos alegam que, em Atos capítulo 15, todos os cristãos do primeiro século participaram diretamente da formulação de uma doutrina, como se houvesse uma votação coletiva ou um tipo de enquete doutrinária. Segundo eles, os apóstolos teriam consultado todas as congregações antes de tomar qualquer decisão.

Essa afirmação, no entanto, não resiste a uma análise honesta do próprio texto bíblico. Trata-se, na realidade, de uma tentativa ideológica de deslegitimar a autoridade do Corpo Governante atual, insinuando que ele toma decisões isoladas ou sem representatividade. Mas o que realmente aconteceu no primeiro século?

📖 O que de fato ocorreu em Atos 15?

O capítulo 15 de Atos relata uma questão doutrinária delicada: a necessidade (ou não) de os cristãos gentios serem circuncidados. O conflito ameaçava a unidade das congregações. O que foi feito? A congregação em Antioquia, com sabedoria, decidiu encaminhar o assunto “aos apóstolos e anciãos em Jerusalém” — ou seja, à liderança central — como lemos em Atos 15:2.

Após ouvirem os relatos, analisarem os fatos e ponderarem à luz das Escrituras, os apóstolos e os anciãos tomaram uma decisão espiritual e doutrinária clara. Tiago, que presidia a reunião, declarou:

“Por isso, a minha decisão é não causar dificuldades àqueles das nações que estão se convertendo a Deus, mas escrever a eles para que se abstenham de coisas contaminadas por ídolos, de imoralidade sexual, de animais estrangulados e de sangue.” — Atos 15:19, 20.

Observe que nenhum versículo menciona uma consulta a todas as congregações, nem qualquer mecanismo de votação aberta ou democrática. Também não se deu oportunidade para que todos os cristãos escrevessem ou opinassem diretamente sobre a doutrina. A Bíblia é clara: a decisão coube aos apóstolos e anciãos guiados pelo espírito santo.

🤫 O papel da congregação presente

Alguns confundem a escuta respeitosa da congregação presente com participação ativa na formulação da doutrina. Mas essa interpretação é incorreta. Veja o que Atos 15:12 diz:

“Então toda a multidão ficou calada e escutava Barnabé e Paulo relatar os sinais e milagres que Deus havia realizado por meio deles entre as nações.”

A congregação estava presente, sim, mas em silêncio, ouvindo e aprendendo. Quem representava a congregação nos discursos foram Pedro, Paulo, Barnabé e, ao fim, Tiago — que apresentou o parecer final.

Portanto, a doutrina não foi construída por meio de uma votação popular. Foi uma deliberação dos anciãos e apóstolos sob orientação do espírito santo, como confirmado em Atos 15:28:

“Pois pareceu bem ao espírito santo e a nós não impor a vocês nenhuma outra obrigação…”

Ou seja, a decisão era espiritual e não democrática. Foi comunicada à congregação, e não votada por ela.

🙄 Mas e Atos 15:22?

Alguns críticos tentam fundamentar sua tese no versículo 22:

“Então os apóstolos e os anciãos, juntamente com toda a congregação, decidiram enviar a Antioquia alguns homens escolhidos entre eles […]”

Mas aqui, o texto não trata da definição da doutrina — que já havia sido tomada. A decisão em conjunto com a congregação foi sobre quem levaria a mensagem.

Essa escolha prática — e não doutrinária — incluiu a congregação porque envolvia irmãos conhecidos e respeitados. Isso fica claro ao lermos Atos 15:25:

“Decidimos, de comum acordo, escolher alguns homens e enviá-los a vocês […]”

Não se trata, portanto, de uma votação teológica, mas de uma escolha de representantes para levar a carta oficial. Uma distinção essencial.

🧠 Qual “congregação” foi consultada?

Outro ponto importante: a expressão “toda a congregação” em Atos 15 não significa todos os cristãos da época. Refere-se à congregação local reunida em Jerusalém, diretamente envolvida no concílio. Não há base para ampliar isso a uma “consulta global”, como se fosse uma assembleia mundial.

Além disso, uma leitura coerente do contexto revela que a decisão tomada em Jerusalém foi depois comunicada às outras congregações — e não previamente consultada por elas. O objetivo era garantir unidade e paz, como lemos em Atos 16:4, 5.

“Ao viajarem pelas cidades, entregavam para observância as decisões tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. Assim, as congregações continuavam a se fortalecer na fé e aumentavam em número cada dia.”

🧭 O modelo apostólico nos dias atuais

O modelo seguido em Atos 15 é essencialmente o mesmo praticado hoje pelas Testemunhas de Jeová. O Corpo Governante ouve relatos, analisa com base na Bíblia, ora pedindo orientação e então toma decisões doutrinárias e organizacionais.

Essas decisões, embora tomadas por um grupo pequeno, são comunicadas à irmandade mundial com clareza e base bíblica. Isso é bem diferente de uma enquete popular ou consulta a todos os membros — algo que nunca foi praticado na congregação do primeiro século.

Se você deseja entender melhor como o Corpo Governante toma decisões atualmente, recomendamos assistir ao vídeo:

🔗 Como o Corpo Governante toma decisões hoje

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✅ Conclusão resumida:

1. A questão doutrinária foi levada aos apóstolos e anciãos.
2. A congregação presente ouviu, mas não votou.
3. A decisão foi espiritual e definida por representantes autorizados.
4. A congregação só participou da escolha de quem levaria a decisão.
5. A doutrina foi comunicada às congregações, não construída coletivamente.

Assim, qualquer alegação de que houve uma votação ou construção coletiva de doutrina em Atos 15 é fruto de má leitura — ou má intenção.

Com sinceridade e amor cristão,
Seus irmãos e amigos,
Historiador TJ 🕊️📚